São aquelas que exploram a sonoridade das palavras para obter maior expressividade, como a aliteração, a onomatopéia, a assonância e a paranomásia.
Aliteração: consiste na repetição de um determinado som consonantal em uma sequência de palavras, com a intenção de dar ênfase ou realce.
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
(Cruz e Souza)
Essa famosa estrofe do poema" Violões que choram", construída com aliterações da letra “v”, talvez seja uma das mais sonoras e belas passagens da poesia brasileira.
"Eterna é a flor que se fana
se soube florir."
(Carlos Drummond de Andrade)
No exemplo acima, a aliteração da consoante "f" serve à musicalidade dos versos e, de certo modo, por ser a mesma inicial do substantivo e dos verbos, une "flor" às suas ações : "fanar/florir". Completa a suavidade sonora dos versos a aliteração em "s", de modo que o conjunto inteiro soa musicalmente orgânico.
"A bela bola rola:
A bela bola do Raul."
(Cecília Meireles)
A repetição do fonema "b" pode sugerir a ideia de bola, assim como o agrupamento e o envolvimento de atletas em torno da bola, fechando o círculo.
Coliteração: é a repetição de consoantes homorgânicas(uma surda, outra sonora): [t], [d], – [p],[b] – [f], [v] etc.
"Num cortejo de cânticos alados"
(Cruz e Sousa)
Onomatopéia: imitação de ruídos através de sons da língua. Muitas vezes uma onomatopéia passa a fazer parte do sistema da língua, tornando-se palavra comum. É o caso, por exemplo, de palavras que expressam sons produzidos por animais: zurrar, coaxar etc. Neste caso, não temos linguagem figurada. A onomatopéia só é figura quando tem uma função expressiva que diferencia seu uso.
A canção dos tamanquinhos
Troc... troc... troc... troc...
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc... troc... troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...
Madrugada. Troc... troc...
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, troc...troc...
vão cantando os tamanquinhos...
Chove. Troc...troc...troc...
no silêncio dos caminhos
alagados, troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...
E até mesmo, troc...troc...
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc... troc... troc...
com seu par de tamanquinhos.
(Cecília Meireles)
Verificamos, ao longo do poema, a presença das rimas consoantes que estão presentes em todas as quadras. A sonoridade ganha mais força pela presença da onomatopéia “troc...troc...troc...”, um recurso estilístico utilizado pela autora para representar o som produzido pelo atrito do salto dos tamanquinhos no chão molhado pela chuva.
"Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão… Por meu pai?… - Não! Não!…
Sino da Paixão bate bão-bão-bão."
(Manuel Bandeira)
Nesses versos, a onomatopéia não visa à mera imitação do toque do sino: nos dois primeiros, "bem-bem-bem" ecoa "Belém", que não só já é onomatopéico em si m", de sentido positivo. Por contraste, "bão-bão-bão" sugere tristeza: rima com um advérbio negativo, ecoa "Paixão"( morte de Cristo e do pai do eu-poético) e, finalmente, tem sonoridade fechada, escura.
Assonância: é a aproximação ou conformidade fonética entre vogais tônicas de palavras diferentes. É uma homofonia de sons vocálicos que, muitas vezes, prolonga o efeito da rima.
"Água fria fica quente,
Água quente fica fria
Mas eu fico frio
Sem a tua companhia"
(Manuel Bandeira)
Enquanto a aliteração consiste na repetição de sons consonânticos, podendo ter uma função imitativa, a assonância recai sobre a repetição de sons vocálicos, podendo substituir o efeito da rima.
Paranomásia: é a aproximação de palavras semelhantes pelos sons(parônimas), mas cujos sentidos originariamente não se relacionam. No ato criativo da figuração os sentidos acabam, de alguma forma, aproximando-se.
Dulce, doce Dulce
menina do campo
de olhos verdes de água
de água e pirilampo
Doce, Dulce doce, dócil
estendendo pelo sol lençóis
entre anil e vento
Dócil, doce Dulce
de face vermelha
doce rosa airosa
a fugir da abelha
da abelha, de vespas
e besoiros tontos
pelo arroio de oiro
de seixos redondos
(Canção para Dulce - Cecília Meireles)
A paranomásia, que marca os primeiros versos das três primeiras estrofes da composição (Dulce, doce, dócil) , além de caracterizar a menina, marca foneticamente um determinado momento, no qual o desenvolvimento lingüístico serve de intermediário entre a experiência lúdica com a língua e a iniciação literária.
Outros exemplos:
" Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir..."
(Manuel Bandeira)
"Os magnetos atraem o ferro, e os magnatas o oiro."
"Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias"
(Padre Vieira)
"Sagres sagrou então a Descoberta..."
(Miguel Torga)
Aliteração: consiste na repetição de um determinado som consonantal em uma sequência de palavras, com a intenção de dar ênfase ou realce.
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
(Cruz e Souza)
Essa famosa estrofe do poema" Violões que choram", construída com aliterações da letra “v”, talvez seja uma das mais sonoras e belas passagens da poesia brasileira.
"Eterna é a flor que se fana
se soube florir."
(Carlos Drummond de Andrade)
No exemplo acima, a aliteração da consoante "f" serve à musicalidade dos versos e, de certo modo, por ser a mesma inicial do substantivo e dos verbos, une "flor" às suas ações : "fanar/florir". Completa a suavidade sonora dos versos a aliteração em "s", de modo que o conjunto inteiro soa musicalmente orgânico.
"A bela bola rola:
A bela bola do Raul."
(Cecília Meireles)
A repetição do fonema "b" pode sugerir a ideia de bola, assim como o agrupamento e o envolvimento de atletas em torno da bola, fechando o círculo.
Coliteração: é a repetição de consoantes homorgânicas(uma surda, outra sonora): [t], [d], – [p],[b] – [f], [v] etc.
"Num cortejo de cânticos alados"
(Cruz e Sousa)
Onomatopéia: imitação de ruídos através de sons da língua. Muitas vezes uma onomatopéia passa a fazer parte do sistema da língua, tornando-se palavra comum. É o caso, por exemplo, de palavras que expressam sons produzidos por animais: zurrar, coaxar etc. Neste caso, não temos linguagem figurada. A onomatopéia só é figura quando tem uma função expressiva que diferencia seu uso.
A canção dos tamanquinhos
Troc... troc... troc... troc...
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc... troc... troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...
Madrugada. Troc... troc...
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, troc...troc...
vão cantando os tamanquinhos...
Chove. Troc...troc...troc...
no silêncio dos caminhos
alagados, troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...
E até mesmo, troc...troc...
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc... troc... troc...
com seu par de tamanquinhos.
(Cecília Meireles)
Verificamos, ao longo do poema, a presença das rimas consoantes que estão presentes em todas as quadras. A sonoridade ganha mais força pela presença da onomatopéia “troc...troc...troc...”, um recurso estilístico utilizado pela autora para representar o som produzido pelo atrito do salto dos tamanquinhos no chão molhado pela chuva.
"Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão… Por meu pai?… - Não! Não!…
Sino da Paixão bate bão-bão-bão."
(Manuel Bandeira)
Nesses versos, a onomatopéia não visa à mera imitação do toque do sino: nos dois primeiros, "bem-bem-bem" ecoa "Belém", que não só já é onomatopéico em si m", de sentido positivo. Por contraste, "bão-bão-bão" sugere tristeza: rima com um advérbio negativo, ecoa "Paixão"( morte de Cristo e do pai do eu-poético) e, finalmente, tem sonoridade fechada, escura.
Assonância: é a aproximação ou conformidade fonética entre vogais tônicas de palavras diferentes. É uma homofonia de sons vocálicos que, muitas vezes, prolonga o efeito da rima.
"Água fria fica quente,
Água quente fica fria
Mas eu fico frio
Sem a tua companhia"
(Manuel Bandeira)
Enquanto a aliteração consiste na repetição de sons consonânticos, podendo ter uma função imitativa, a assonância recai sobre a repetição de sons vocálicos, podendo substituir o efeito da rima.
Paranomásia: é a aproximação de palavras semelhantes pelos sons(parônimas), mas cujos sentidos originariamente não se relacionam. No ato criativo da figuração os sentidos acabam, de alguma forma, aproximando-se.
Dulce, doce Dulce
menina do campo
de olhos verdes de água
de água e pirilampo
Doce, Dulce doce, dócil
estendendo pelo sol lençóis
entre anil e vento
Dócil, doce Dulce
de face vermelha
doce rosa airosa
a fugir da abelha
da abelha, de vespas
e besoiros tontos
pelo arroio de oiro
de seixos redondos
(Canção para Dulce - Cecília Meireles)
A paranomásia, que marca os primeiros versos das três primeiras estrofes da composição (Dulce, doce, dócil) , além de caracterizar a menina, marca foneticamente um determinado momento, no qual o desenvolvimento lingüístico serve de intermediário entre a experiência lúdica com a língua e a iniciação literária.
Outros exemplos:
" Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir..."
(Manuel Bandeira)
"Os magnetos atraem o ferro, e os magnatas o oiro."
"Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias"
(Padre Vieira)
"Sagres sagrou então a Descoberta..."
(Miguel Torga)
massa esse blog ameii
ResponderExcluirAdorei esse blog! Ainda mais agora que eu to começando a ter literatura! Parabéns (:
ResponderExcluireu te aprecio muito Nelson, sobretudo pela tua não desistência de me distrair e me trazer à tona. sei que volto e que me faz um bem infinito, só de te ver nas minhas estatísticas, num silêncio que grita mais que um despertador ruidoso.
ResponderExcluirobrigada, até logo.
adoro os teus ensinamentos.
beijo.