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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A estrofe

Últimos Sonetos, de Cruz e Souza

Estrofe ou estância é o nome que recebem os agrupamentos de versos dispostos no poema. A estrofe deve ter uma coerência interna, quanto à ideia , às rimas e ao ritmo, ainda que as rimas possam se relacionar com versos de outras estrofes.


Quanto ao número de versos agrupados, as estrofes recebem diferentes denominações, em relação à composição ou à forma:


1) Monóstico : é a estrofe que possui um só verso( uma só linha). No verso tradicional seu emprego é escassíssimo. Vez por outra, encontramos uma estrofe destacada, geralmente separada do último terceto(estrofe que possui três versos).

´´Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"

E ela abria-me os braços. E eu ficava.``

(Bilac)

2) Dístico ou Parelha: é a estrofe que possui dois versos.

´´E tornei a voltar por uma estrada
Erma, na solidão, abandonada.

Caminhos maus, atalhos infinitos
Por onde só ouvi ânsias e gritos.``

(Cruz e Sousa)

3) Terceto: é a estrofe que possui três versos.

´´Andas em vão na Terra, apodrecendo

À toa pelas trevas, esquecendo

A Natureza e os seus aspectos calmos.``


(Cruz e Sousa)


4) Quadra ou Quarteto: é a estrofe que possui quatro versos. Usada na primeira parte do soneto, e, quando heptassílaba constitui sozinha um poema, recebe o nome de trova ou quadrinha.


“Trigueirinha, ─ foge, foge,

─ Vê que eu não sou trovador,

Eu sou filósofo, ─ ouviste?

Eu não entendo de amor.”


( Junqueira Freire)


5) Quintilha: é a estrofe que possui cinco versos.


´´Busco, em vão, aos encantos da paisagem

e aos embates da vida um fim qualquer,

Dissimulo-me em bárbaro e selvagem...

Mas, no fundo de tudo, há sempre a imagem,

uma instintiva imagem de mulher.``


(Hermes Fontes)


6) Sextilha: é a estrofe que possui seis versos.


´´Amigo! O campo é o ninho do poeta...

Deus fala, quando a turba está quieta,

Às campinas em flor.

— Noivo — Ele espera que os convivas saiam...

E n'alcova ,onde as lâmpadas desmaiam,

Então murmura — amor —


(Castro Alves)


7) Setilha, Sétima, Setena ou Hepteto: é a estrofe que possui sete versos.


´´Meses depois, as gazetas

Darão críticas completas,

Indecentes e patetas,

Da minha última obra

E eu─ p'ra cama outra vez,

Curtindo febre e revés,

Tocado de Estrela e Cobra ...``

(Mário de Sá Carneiro)


8) Oitava: é a estrofe que possui oito versos.


´´Se eu morrer muito novo, oiçam isto:

Nunca fui senão uma criança que brincava.

Fui gentio como o sol e a água,

De uma religião universal que só os homens não têm.

Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,

Nem procurei achar nada,

Nem achei que houvesse mais explicação

Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.``


(Fernando Pessoa)


9) Nona, novena ou eneagésima: é a estrofe que possui nove versos.


´´Quando eu nasci, raiava
O claro mês das garças forasteiras:
Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,
Nadando em luz na oscilação das ondas,
Desenrolava a primavera de ouro;
E as leves garças, como olhas soltas
Num leve sopro de aura dispersadas,
Vinham do azul do céu turbilhonando
Pousar o vôo à tona das espumas...``


(Vicente de Carvalho)


10) Décima: é a estrofe que possui dez versos.


´´Também eu ergo às vezes
Imprecações, clamores e blasfêmias
Contra essa mão desconhecida e vaga
Que traçou meu destino... Crime absurdo
O crime de nascer! Foi o meu crime.
E eu expio-o vivendo, devorado
Por esta angústia do meu sonho inútil.
Maldita a vida que promete e falta,
Que mostra o céu prendendo-nos à terra,
E, dando as asas, não permite o vôo!``


(Vicente de Carvalho)


11) Irregulares: são todas as estrofes que possuem mais de dez versos.


´´Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. — Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! — Crença, já não vives!``


(Fagundes Varela)



2 comentários:

  1. obrigado pelo blog! está sendo bem valioso para mim... já faz parte dos meus favoritos e espero por mais!

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