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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Funções da linguagem

A comunicação humana é realizada de várias maneiras: apelos visuais, auditivos, linguagem corporal e, principalmente, através da linguagem verbal. Ao realizar um ato de comunicação verbal, o falante ou escrevente escolhe, seleciona as palavras para depois organizá-las, de acordo com a ênfase que se pretende dar a este ou àquele componente do processo comunicativo, no qual estão sempre envolvidos alguns elementos.


Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação.


A linguagem, como instrumento de comunicação, não é exercitada gratuitamente. Na opinião de Karl Bülher, em sua obra´ ´Teoria da Linguagem``, um enunciado mantém uma relação tripla:


a) com o emissor (1ª pessoa);

b) com o receptor (2ª pessoa);

c) com as coisas sobre as quais se fala (3ª pessoa).


Fundamentando-se nesse esquema, Bülher apresenta três funções da linguagem: expressiva, apelativa e representativa.


Roman Jakobson apóia-se nessas funções, desdobrando-as com nova terminologia: emotiva, conativa e referencial.


Para ampliar a tripartição de Bühler, Jakobson enfatiza mais alguns elementos no processo de comunicação:

a) o canal (ou contato),

b) o código,

c) a mensagem.


Tais elementos são relacionados com três novas funções: fática, metalingüística e poética.


´´Embora distingamos seis aspectos básicos da linguagem, dificilmente lograríamos encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante.`` (Jakobson, Roman, Lingüística e comunicação.)


Em outras palavras, dependendo do tipo da mensagem, devemos considerar a função no momento de comunicação em que a mensagem foi produzida e, conseqüentemente, a finalidade pretendida. Sempre haverá uma função predominante, mas jamais exclusiva.


´´Oh! Páginas da vida que eu amava,

Rompei-vos! nunca mais!Tão desgraçado!...``


(Álvares de Azevedo)


A linguagem, aqui apresentada, está sendo usada para a comunicação de sentimentos pessoais e emoções (construída para expressar o mundo interior do EU poético) Comum, na poesia romântica, o emissor é o centro da comunicação; é movido pela necessidade de manifestar o seu estado psíquico, exteriorizar-se . A presença da interjeição e de frases exclamativas reforça o caráter subjetivo da comunicação. Quando, numa determinada mensagem, predominam essas características, podemos dizer que ocorre a função emotiva da linguagem, também conhecida como função expressiva.


Outros exemplos:


´´Mas que beleza! Que tetéia!Que pancadão! Que pão! Que coisa mais boba! Que gracinha!


(Carlos Drummond de Andrade)


´´E eu respondo, carrancudo: Não.

Não voltarei para ver o que não merece ser visto,

o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser.``


(Carlos Drummond de Andrade)


Na função apelativa ou conativa, centrada no tu(2ª pessoa), o falante se dirige a outra pessoa, procurando atuar sobre ela.


´´Não perca tempo em mentir,

Não te aborreças.``


(Carlos Drummond de Andrade)


Nesse caso, a linguagem foi usada para influenciar o receptor, dirigindo-lhe um apelo( o emissor pretende exercer influência sobre o destinatário, intervindo na sua maneira de pensar e agir).Do ponto de vista gramatical, caracterizam bem esta função o vocativo e o imperativo:


´´Ó Fulô! Ó Fulô!

(Era a fala da Sinhá)

vem me ajudar, ó Fulô``!


(Jorge de Lima)


A função referencial ou denotativa é a mais comum das funções da linguagem e centra-se na informação.A intenção do emissor de uma mensagem em que predomina essa função é transmitir dados da realidade ao interlocutor de forma direta e objetiva; comunica algo de um referente ou contexto : uma coisa, uma pessoa, um animal etc(codificada na 3ª pessoa).


´´ E, atrás deles, filhos, netos,

seguindo os antepassados,

vem deixar a sua vida,

caindo nos mesmos laços,

perdidos na mesma sede

teimosos, desesperados,

por minas de prata e ouro...``


(Cecília Meireles)


A função fática, centrada no canal ou contato, serve para alongar ou suspender o circuito da fala, e também para verificar e fortalecer a eficiência do canal. No trecho apresentado a seguir, os personagens não querem ´´dizer`` propriamente alguma coisa( falam apenas para preencher o tempo e manter o contato).


´´Maria Rosa quase que aceitava, de uma vez, para resolver a situação, tal o embaraço em que se achavam. Estiveram um momento calados.

- Gosta de versos?

- Gosto...

- Ah!...

- Pousou os olhos numa oleografia.

- É brinde de farmácia?

- É.

- Bonita...

- Acha?

- Acho... Boa reprodução...``


(Orígenes Lessa)


Na função metalingüística o que se põe em evidência é o código. Visa verificar se o falante e ouvinte estão utilizando o mesmo código: é a linguagem empregada para explicar a a própria linguagem, para criticá-la, ou mesmo para corrigi-la.


´´Hiato – Grupo vocálico em que as duas vozes soam distintamente.Exemplos: O aéreo Rafael anda de baeta.``

(Paulo Mendes Campos)


Na função poética, a mensagem se inclina para si mesma . Valorizam-se as palavras, suas combinações; revelam recursos imaginativos criados pelo emissor. Opõe-se à função referencial porque nela predominam a conotação e o subjetivismo.


Canção da tarde no campo


Caminho do campo verde
estrada depois de estrada.
Cerca de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra
Que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!

Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a tarde é minha.

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua;
vou chegando, vai fugindo,
minha alma é a sombra da tua.

Eu ando sozinha
por dentro de bosques.
Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto,
meu peito é puro deserto.
Subo monte, desço monte.

Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.


(Cecília Meireles)


Para escrever este poema lírico, Cecília Meireles se valeu de elementos como ritmo, versos e estrofes, revelando intensamente seu mundo subjetivo.


Podemos dizer, em resumo, que as funções da linguagem correspondem à ênfase dada a diversos elementos de um ato de fala. Observe, a seguir, a relação entre esses elementos e as respectivas funções:



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