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domingo, 4 de abril de 2010

Análise do poema: Desenganos da vida humana, metaforicamente

Texto I

Desenganos da vida humana, metaforicamente

É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Vocabulário:
Lisonjeado: agradado, satisfeito.
Airoso: gracioso, elegante.
Presumido: arrogante, vaidoso.
Soberba: orgulho desmedido.
Galeota empavesada: embarcação enfeitada.
Sulcar: cortar.
Ufano: que se sente orgulhoso, honrado.
Fênix: na mitologia, ave imortal que renasce das cinzas.
Galhardia: elogio, elegância.
Aprestar: preparar.
Alento: ânimo, coragem.
Penha: rocha, pedra.
Desatada: desprendida, solta.
Púrpura: cor vermelha.
Apresta: verbo aprestar, preparar rápido.
Alentos preza: gostar de receber elogios.
Nau: navio.


Comentários sobre o poema

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Exemplar espelho da técnica cultista ( jogo de palavras), o poeta Gregório de Matos trabalha a temática dos estados contraditórios da condição humana e a vaidade da vida material. Na forma, percebe-se toda a herança do Renascimento: um soneto clássico de versos decassílabos (a ´´medida nova`´ dos renascentistas servindo de pano de fundo para o tema de reflexão moral), com rima em ABBA ABBA CDC DCD, no melhor estilo petrarquiano.

Começando pela análise do título (longo e explicativo), sabemos que o texto vai tratar das desesperanças da vida humana. Desengano é desilusão; desesperança. Somos desenganados quando sabemos que não resta mais nada a fazer para que algo ruim deixe de acontecer. Essas desilusões da vida humana serão abordadas de forma metafórica no texto.

O poeta usou nesse soneto três metáforas para a vaidade: ´´rosa``, ´´planta`` e ´´nau``. A metáfora (provém do grego meta: mudança, + phora: transporte) é uma figura de linguagem em que se emprega um termo por outro, mantendo-se entre eles uma relação de semelhança; é uma ´´comparação abreviada``.
Utilizando-se de disseminação e recolha (conceitos e palavras espalhados ao longo das estrofes e retomados na última), o eu lírico, em tom exortativo, dirige-se a um vocativo, ´´Fábio``, chamando-lhe a atenção para a efemeridade existencial; inútil a vaidade, pois, sendo esta, metaforicamente, rosa matinal, planta na primavera e barco, encontrará, respectivamente, e de modo inexorável, a tarde, o machado e o penhasco, índices inquestionáveis de sua destruição.

Logo no primeiro verso, uma figura de linguagem é apresentada através da inversão da ordem direta dos termos da oração (hipérbato): ´´É a vaidade, Fábio, nesta vida``. Na ordem direta, ficariam assim: Fábio, nesta vida, a vaidade é. A expressão ´´nesta vida`` (adjunto adverbial) define a circunstância sobre a vaidade: é uma desilusão da vida humana, terrena, desta vida e não da outra, eterna, celestial.

Primeiramente, são mostradas as qualidades de cada um desses elementos metafóricos através de uma gradação crescente. Como a rosa, a vaidade ´´rompe airosa``(elegante); como planta, favorecida pelo mês de abril (quando é primavera na Europa), ela segue rapidamente, feito uma ´´galeota empavesada``; e, como uma nau ligeira, preza alentos e galhardias (elogios e elegâncias).

No último terceto, o poeta lança uma adversidade, uma contrariedade, realçando o conflito existente no texto (emprego da conjunção adversativa ´´mas``). Retoma todos os elementos comparativos, dispostos agora na ordem inversa (gradação decrescente): a penha (pedra) destrói a nau, assim como o ferro (o emprego de ´´ferro`` por ´´machado``, isto é, a matéria pelo objeto: metonímia) destrói a planta, e a tarde (o tempo que passa) destrói a rosa.

Texto I
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A lição barroca é clara: de que adianta ao homem encher-se de vaidade, se a morte o aguarda, e diante da morte tudo vira nada? Observe que esse poema cristaliza o conflito barroco: de um lado estão os prazeres da vida e o desejo de gozá-los; de outro, a certeza da morte e do fim de tudo.

A conclusão a que se chega, portanto, é que a vaidade é frágil e efêmera. O poema, embora de natureza filosófica, acaba por levar a uma saída religiosa, não explícita: já que não tem valor o corpo, porque tudo passa e o corpo envelhece, o melhor é mesmo cuidar das coisas do espírito, da salvação.

17 comentários:

  1. Oi queridíssimo! Adorei seu blog, muito bem elaborado, me ajudou muito. Gostaria de saber se você pode me ajudar com a literatura atual, escritor Fabrício Viana. Adorei o livro dele, "O Armário". Se você puder me ajudar, quero fazer minha monografia sobre este livro. Obrigadinho!

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  2. Adorei a análise, me ajudou bastante ao preparar umaaula sobre o Barroco.

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  3. Análise extremamente criteriosa, tanto na escolha das palavras a serem utilizadas, como na disposição dos elementos no decorrer do texto. Está de parabéns mesmo...muito obrigada pela ajuda!! Bjos

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  4. Muito Obrigada Nelson, muito grata!!
    Me ajudou muito as análise dos poemas Barroco.
    Agora estou tranquila, para apresentar meu Seminário!
    Ah, gostaria que me ajudasse na análise do livro A cidade e as Serras de Eça, preciso da análise por capitulo.
    Abraços...
    Meu email, para contato meire.ap.lima@hotmail.com

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  5. Muito bom o material, este me foi muito útil para o melhor entendimento do Barroco. Obrigada.

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  6. kra me ajudou paks no meu trabalho hehehe

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  7. Ajudou MUITO!
    parabéns pela análise.

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  8. COISA LINDA SABER QUE HÁ PESSOAS QUE ESTUDAM COM CLAREZA E BELEZA TÃO ÁRDUA MATÉRIA, PARABÉNS

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  9. Esse peoma é simplesmente perfeito. Resume toda a tendência barroca, todo o contraste e o conflito existencial vigente no homem nessa época. Acredito que nos dias atuais não estamos vivenciando um contexto tão diferente, visto que a sociedade está cada vez mais doutrinada nos bens materiais e na imagem em si e esquecida de que tudo é transitório.

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  10. Muy interesante tu blog. Me gusta de verdad. sigue así.
    lavidasegunlavida

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  11. cara valeu isso me ajudou muito no trabalho de literatura barroca
    valeu!!!!!

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  12. Nossa fiquei muito Feliz ao ver que aqui encontrei tudo que eu precisava, nossa muito Obrigado.. de verdade!!!

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  13. obrigado pelas explicações Nelson Souzza, me ajudou e muito na conclusão de um artigo referente a esta obra literaria...

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