desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
“A poesia cria o mito do homem, enquanto o prosador traça seu retrato.”
(Sartre)
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Descendente de família ligada às tradições dos povoadores, mineradores e fazendeiros de sua região, cedo deixou a cidade natal (1916) para estudar na capital do estado. Formado em farmácia, dedicou-se ao jornalismo e ingressou no funcionalismo público. Em Belo Horizonte, pertenceu ao grupo de renovação modernista e dirigiu sua efêmera publicação, A Revista (1925). Posteriormente, fixou-se no Rio de Janeiro, abandonando a militância cultural e dedicando-se à vida de funcionário público e à elaboração de suas poesias e crônicas (estas últimas, publicadas em grandes jornais, o fizeram muito lido e conhecido). Morreu no Rio de Janeiro, em 1986.
Estreando em livro aos 28 anos, Drummond compôs até seus 60 anos (1962) a parte mais importante de sua obra (dez livros de poesia): Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942), A rosa do povo (1945), Novos poemas (1948), Claro enigma (1951), Fazendeiro do ar (1954), A vida passada a limpo (1959), Loção de coisas (1962). Todos esses livros foram coligidos, em 1969, no volume Reunião. Drummond publicou depois várias outras coletâneas de poesias (com relevo para Boitempo & A falta que ama, 1968; As impurezas do branco, 1973; A paixão medida, 1980). Ao todo, 19 livros, que hoje se acham agrupados em Nova reunião (2 volumes).
Além dessa grande obra poética, Drummond publicou volumes de prosa (Contos de aprendiz, 1951, e várias coleções de crônicas). Essa prosa, embora lúcida, penetrante, não tem a inventividade e a tensão de sua poesia; é amena, agradável, apreciada pelo humor, elegância e agudeza. Drummond criou uma linguagem poética própria, original não só no panorama da literatura brasileira, mas também no da literatura internacional de nossa época. Como ocorre com a maioria dos poetas, sua obra apresenta desníveis, mas não é exagero afirmar que, em seus grandes momentos, ela coloca Drummond entre os maiores poetas do mundo.
Devido à vastidão e à complexidade da obra de Carlos Drummond de Andrade, é importante levantar alguns aspectos mais significativos de seus poemas. Os temas que aparecem com mais frequência em sua obra poética são: o desajustamento do indivíduo, a monotonia da vida, a nostalgia do passado, os obstáculos que a vida oferece, a preocupação sociopolítica, a angústia diante da morte, a própria poesia e a falta de perspectiva do homem.
O ´´desajustamento do indivíduo`` é um tema fundamental na obra do poeta. Ele se sente um ser marginalizado, desajustado, um ser deslocado de seu tempo ( um eu todo retorcido). É a fase gauche representada pelas primeiras obras, Alguma poesia e Brejo das almas. A palavra ´´gauche``, de origem francesa (pronuncia-se gôch ), significa lado esquerdo. Aplicada à dimensão humana, significa o ser às avessas, o torto, aquele que não consegue estabelecer uma comunicação com a realidade circundante. São comuns a essa fase da poesia drummondiana certos traços, como o pessimismo, o individualismo, o isolamento, a reflexão existencial, além de certas atitudes permanentes, que se estenderão por toda a obra, como a ironia e a metalinguagem.
Comentários sobre o poema
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O Poema de Sete Faces marca o início de uma trajetória poética das mais peculiares em língua portuguesa. De cunho totalmente autobiográfico, nele o poeta se define como um gauche: espécie de bandeira para todo o tipo de verso que doravante fizer, já que tudo se permite a um ser marginalizado, avesso ao contato, calado em suas observações. As sete faces correspondem a sete estrofes, como se fosse um retrato em sete partes. Poema tipicamente modernista, de ruptura com as convenções( descontínuo, inesperado, coloquial). Escrito em versos livres e com estrofes heterogêneas, apresenta elementos que indicam influência das correstes de vanguarda européia: a fragmentação cubista, a falta de pontuação futurista; certas imagens surpreendentes que lembram o Surrealismo (“o bonde passa cheio de pernas”). Há uma aparente desconexão entre as várias estrofes, como se o poeta registrasse flashes da realidade. A ideia básica de cada uma delas é a seguinte:
Na 1.ª estrofe, temos o nascimento do poeta, marcado pela presença de um anjo. É comum, em várias passagens bíblicas, o aparecimento de um anjo para um ser humano (em sonho ou em estado de vigília), com o objetivo de orientá-lo em relação ao futuro. Um exemplo é a presença do anjo Gabriel a José, ordenando-lhe que fugisse de Jerusalém com o menino Jesus. Geralmente são anjos bons, prenunciam coisas boas e auxiliam as pessoas a encontrar o melhor caminho. Enfim, são ´´anjos de luz``. O anjo que aparece ao eu lírico é o contrário disso: é ´´torto``, vive ´´na sombra`` e lhe prediz um futuro gauche. A ironia do poeta nesta estrofe consiste na inversão das características do anjo e da predestinação( uma espécie de paródia da imagem religiosa do anjo).
Na 2.ª estrofe, o mundo exterior ( as casas, os homens, as mulheres, a tarde, o céu azul) é discutido na óptica de um indivíduo gauche: um mundo vazio, superficial, onde as relações humanas parecem ser medidas apenas pelo desejo. Como em toda a obra drummondiana, o desejo amoroso é problematizado, tratado como algo incompreensível, que transfigura o mundo e o sujeito. O fato da existência de tantos desejos impede a tranquilidade e a beleza dos dias. Observe que o eu lírico atribui uma ação própria dos seres humanos – espiar – a seres inanimados, “as casas”, personificando-as. A esse recurso estilístico chamamos prosopopéia.
Na 3.ª estrofe, o eu lírico mostra-se espantado diante desse mundo externo que ele não compreende ( mistura das raças, o movimento da cidade, o bonde – elemento que representa a velocidade). É uma “praça de convites” que o atrai (“Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração”), mas ele, altivo, nega-se a fazer parte desse mundo (“Porém meus olhos não perguntam nada”). É o desajustamento entre a realidade interior e a exterior, aliado à percepção da sensualidade.
Observe também o uso do recorte metonímico ("pernas brancas pretas amarelas"). A metonímia é uma figura de linguagem que consiste em identificar um objeto por meio de uma parte de seu todo: no poema, "pernas" se referem, metonimicamente, às pessoas que estão no bonde. Ainda nesse verso, a ausência de vírgulas é um recurso utilizado para criar a justaposição rápida de imagens e, com isso, sugerir a simultaneidade.
Observe também o uso do recorte metonímico ("pernas brancas pretas amarelas"). A metonímia é uma figura de linguagem que consiste em identificar um objeto por meio de uma parte de seu todo: no poema, "pernas" se referem, metonimicamente, às pessoas que estão no bonde. Ainda nesse verso, a ausência de vírgulas é um recurso utilizado para criar a justaposição rápida de imagens e, com isso, sugerir a simultaneidade.
Na 4.ª estrofe, o eu lírico evidencia a oposição entre o que é visto e o que é sentido. Neste contexto, o tema do desajustamento é reforçado pela incomunicabilidade com o “outro”. O homem que está atrás do bigode e dos óculos, por sua seriedade e isolamento, parece esconder-se atrás dessa “máscara” para evitar a convivência com as outras pessoas e, com isso, disfarçar a sua própria intimidade. Esse “homem” pode muito bem ser o próprio poeta, como está sugerido também na 1.ª estrofe, tornando o poema inequivocadamente autobiográfico.
Na 5.ª estrofe, outra imagem religiosa ganha destaque; lembra de novo um aproveitamento bíblico: a passagem em que Cristo, em momento de fraqueza, dirige-se ao Pai e reclama de seu abandono e desamparo (Eli, Eli, lamma sabachthani? Isto é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" – Bíblia, Mateus 27:46). Existe uma semelhança entre ambos quanto ao seu relacionamento com o mundo: ambos se sentem vítimas de seu próprio destino gauche, que envolve contradições com a realidade. Note que o apelo do eu lírico é ainda mais dramático do que o do próprio Cristo porque, de acordo com o verso “se sabias que eu não era Deus”, Cristo era Deus e sabia que sua morte era necessária para a causa que defendia. O gauche, porém, é apenas um fraco que não vê perspectivas para o seu confronto com o mundo.
Na 6.ª estrofe(famosa pelo humor que contém), o gauche supõe a possibilidade de chamar-se Raimundo (um nome que contém a palavra mundo – um jogo de palavras). No entanto, ele afirma que tal fato levaria apenas a uma rima, não a uma solução para o desencontro com a realidade. Orgulhoso e individualista, o eu lírico sente-se superior em relação ao mundo que considera errado. Sua postura, contudo, é apenas de distanciamento ( o gauche prefere resguardar-se a ceder em seus pontos de vista sobre o mundo).
Na 7.ª estrofe, é introduzido um interlocutor, até então ausente, identificado pelo pronome “te”. Sem dúvida, há várias possibilidades de interpretação. Quem é? O mundo ou o Cristo? Alguma pessoa amada ou “homem atrás do bigode? Ou seria o próprio leitor? Suponho, até por ser mais coerente com o poema, que seja o leitor, mas...
Discussões à parte, essa última estrofe encerra o poema como um disfarce: ao sentir-se “flagrado” em seu extravasamento emotivo (que se manifesta principalmente na estrofe anterior –"mais vasto meu coração"), o eu lírico delega essa mesma emoção à lua e ao conhaque, como se estivesse envergonhado de assumi-la ("mas essa lua / mas esse conhaque / botam a gente comovido como o diabo"). Ao assumir o fruto da bebedeira e, talvez, da solidão, o gauche torna-se mais gauche ainda quando é desmitificado, revelando-se sentimental, apesar de tudo.
O Poema de Sete faces é significativo da primeira fase da poesia de Drummond, onde o poeta se coloca como um “gauche”, um desajeitado, cujo coração – mais vasto que o mundo – transborda. Mas transborda com ironia, com humor desencantado, sarcástico, com uma espécie de secura que represa a emoção.
Discussões à parte, essa última estrofe encerra o poema como um disfarce: ao sentir-se “flagrado” em seu extravasamento emotivo (que se manifesta principalmente na estrofe anterior –"mais vasto meu coração"), o eu lírico delega essa mesma emoção à lua e ao conhaque, como se estivesse envergonhado de assumi-la ("mas essa lua / mas esse conhaque / botam a gente comovido como o diabo"). Ao assumir o fruto da bebedeira e, talvez, da solidão, o gauche torna-se mais gauche ainda quando é desmitificado, revelando-se sentimental, apesar de tudo.
O Poema de Sete faces é significativo da primeira fase da poesia de Drummond, onde o poeta se coloca como um “gauche”, um desajeitado, cujo coração – mais vasto que o mundo – transborda. Mas transborda com ironia, com humor desencantado, sarcástico, com uma espécie de secura que represa a emoção.
Seu blog é Ótimo!
ResponderExcluirAjuda até em trabalhos escolares e em Literatura
kkkk'
Parabéns!
http://farofanordestina.blogspot.com/
Visiita se puder!
Hello Nel, thanks for your comment on my website. Your poesie here is so wonderful, i love it! Sorry, the weekend, i was not at home. weekend vacation by baltic sea!
ResponderExcluirI wish you a beautiful new week my friend. Warm regards from island usedom Germany.
Obrigada Nelson por suas lições! é uma delícia ler suas análises! Quantas poesias no mínimo deve ter um livro de poesias? Beijo. Maria do Céu.
ResponderExcluirNelson, amei a poesia explicada do Drummond, a vida com poesia é sempre mais bela e colorida.
ResponderExcluirAmei teu blog, sigo-o com prazer!
Abraços e ótima semana pra ti.
Hola Nel,
ResponderExcluirNo me canso de leerte...es todo un lujo hacerlo.
Un abrazo
um dos maiores poetas!
ResponderExcluirAnjo torto... homem gauche, desajeitado, de pouca conversa e parco nas amiizades. Um gauche desejoso; demasiados desejos não permitem que o "eu" contemple o azul da tarde "e a beleza dos dias" - "porém meus olhos/ não perguntam nada"...Desesperado, talvez? Seu coração, mais vasto que o mundo questiona Deus e acaba surpreendendo-se, afinal, com a lua e o conhaque.
ResponderExcluirO poema se revela em cada um de nós e nos revela nossos anjos tortos e quanto possuimos de gauche.
Sua interpretação, Professor Nelson nos leva também a isto, a aquilo, a mais isto, e...
Maravilhoso!
fantástico, um dos melhores blogs que já visitei um prazer te-lô no meu.
ResponderExcluirMerci pour votre message sur mon blogue car il m'a permis de visiter le vôtre. Je suis très impressionnée
ResponderExcluirJ'adore !
Merci de partager vos connaissances et votre savoir, d'ouvrir une porte à tous ceux qui comme moi aime les mots qui s'assemble et s'en lasse pour former une mélodie, mais qui ne savent pas forcément d'où viennent ces mots, ni ce qu'ils représentent pour l'auteur.
Mille fois merci.
Mamoun
Ciao, blog molto interessante!
ResponderExcluirMeu querido Nel,
ResponderExcluirgosto daqui e se eu não estivesse no corre corre estaria mais vezes te visitando.
Aqui tem "um não sei que" de casa de amigo, só falta um bom vinho para acompanhar a prosa.
Também sinto a tua falta no Chá das Cinco.
Te deixo beijos
Gemária Sampaio
hi) and I like your blog))
ResponderExcluirfollow me
http://valata1.blogspot.com
Un placer leer la maravilla de tus letras tan especiales y hermosas..
ResponderExcluirbesitos
I love the translation tab... thanks for sharing! Beautiful and artistic site!
ResponderExcluirKW
http://www.ekfamilybooks.blogspot.com
BRAVA!
ResponderExcluirMany thanks for your glowing comment, I appreciated it very much, have a lovely day,
ResponderExcluirYvonne,
Felices Vacaciones De Semana Santa Para Todossss!!!!!!!
ResponderExcluirhttp://nsa26.casimages.com/img/2011/04/22/110422010959389881.gif
Que pasés unas estupendas vacaciones
disfruta del aire libre y de la buena compañía, y no olvides que a la vuelta quiero seguir viendote por aquí cuidado con la carretera
I love reading the poems you post. There are many people writing poetry who don't know "real" poetry. You do, and so I come over to refresh my memory. The part for the whole: metonymy.
ResponderExcluirThis is my favorite stanza:
The houses watch men
who run after women.
The evening might have been blue,
there were so many desires.
Explaining poetry is one thing; feeling it is another. A blue evening filled with desires: so evocative. Blue is the color that defines it. Another color: a different emotion.
Ann Carbine Best’s Long Journey Home
Thanks for sharing the poem. Very interesting! I like the picture as well. I appreciate you reading my blog. Feel free to follow me isave-usave.blogspot.com
ResponderExcluirThanks for including the translation option. Very thoughtful.
Thanks to the translation tool I was able to appreciate this poem. Thank you:-)
ResponderExcluirFeliz Páscoa para você e sua família, meu amigo
ResponderExcluirNel! Saudações da Itália!
http://elvenpath76.splinder.com/
Beautiful site!
ResponderExcluirHappy Easter to you and your family !
Hi Nel,
ResponderExcluirYour blog is really interesting, thanks
Greetings from France.
nathalie
http://nathalievanvolsom.blogspot.com/
This is an amazing blog!
ResponderExcluirParabéns pelo blog esta muito bom, já sou teu seguidor.
ResponderExcluirDaniel Brandão.
http://danbrandao.blogspot.com
"o poema das sete faces"
ResponderExcluirque fantástico ensinamento sobre Carlos Drummond.
que bom teres passado no meu canto para que eu tenha este prazer imenso de conhecer-te e ao teu excelente blog.
sigo-te aqui e levo-te para a minha lista de favoritos para não perder-te.
abraço.
Querido amigo es un placer leerte, escribes maravilloso.
ResponderExcluirEntre a dejarte todo mi cariño y avisarte
que por un Tiempo voy a dejar esta casita
abierta para todos Pero voy a visitarlos con
El Sentir del Poeta
Y el otro Poemas del alma
http://www.poetas-delmundo.com
http://www.poemas-delalma.com
Déjame un Poema
Que hable de sueños
De amor, de pasiones
De grandes amores
Déjame un Poema
Que susurre a mi alma
Palabras de aliento
De fe y esperanzas
Déjame un Poema
Donde descubra tu alma
Tu mano Tu pluma
Tu alma desnuda
Cuentame de penas
de heridas que sangran
Para decirte amigo!!!
Las penas y las heridas pasan
Y si me lo permites
Publicaré tus poemas
Con mucha alegria
Mis Poetas queridos
Solo deseo difundir
Todo el amor y cariño
Que hay en nuestro
Mundo bloguero
A cambio no pido nada
Déjame un Poema
Con eso me basta.
Disculpen que copie y pegue pero mi deseo es llegar a todos
Y ya muchos saben que mi tiempo es limitado, pero en cada visita
Dejo mi cariño sincero, Gracias por estar.
Besitos para ti, que Dios te bendiga hoy y cada uno de tus dias.
Hola, yo también te agradezco tu visita a mi blog, decirte que siempre serás bienvenido por allí. Ahora que ya soy seguidora tuya me pasaré a menudo, me gusta lo que haces y te doy la enhorabuena. Yo estoy empezando en esto de los blogs, espero algún día tener tantos seguidores como tú. Un saludo de tu nueva amiga de Valencia-España. http://porqueelalmatienevoz.blogspot.com
ResponderExcluirsincerely
ResponderExcluirwonderful
I read in one breath
Thank you for sharing this with me
Boa tarde.
ResponderExcluirBelo documentário.
Um grande abraço.
Maria Auxiliadora (Amapola)
Beautiful blog !! i`m from Argentina and i enjoy you blgo
ResponderExcluirCada visita a este sitio es un sorbo de sabiduría. Gracias por el enlace.
ResponderExcluirUm abraço.
Hi Nelson!
ResponderExcluirDropping by today to say Hello. I like that your blog has translation to English. I love poetry and write poems myself. I love this poem, thanks for sharing it. Stay blessed!
Grandes nomes da literatura, grandes histórias, ótimas poesias , hoje em dia são poucos os que valorizam este tipo de arte!
ResponderExcluirwhat striking imagery you got there,
ResponderExcluirfolks behind the mask are haunting, and powerful.
Thanks for sharing.
visit and comment for 18 poets so that you get better feedback.
Thanks for sharing with me the English version, i knew i would like it. I think it raw, heartfelt and deep. Sorry for the mistake my site is actually Voiceoftruelove.wordpress.com, your welcome to visit.
ResponderExcluirthe one you posted on is not currently active
Wonderful expressions!
ResponderExcluirWilliam