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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Soneto LXII - Cláudio Manuel da Costa




Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

Vocabulário
Outeiro: colina.
Gabões: casaco com capuz e mangas longas.
Desatino: sonho, loucura, ilusão.
Choupana: casa humilde, de sapé.

Cláudio Manuel da Costa escreveu numerosas obras e dentre elas estão: “Munúsculo Métrico” (romance heróico em versos hendecassílabos); “Labirinto de Amor”, poema; “Obras”, compreendendo romances, sonetos, epicédios, epístolas, etc.; “Vila Rica”, poema oferecido ao conde de Borbadela; “Memória História Geográfica da Descoberta das Minas”; “Saudação à Arcádia Ultramarina” etc.

Dentro da literatura, Glauceste (pseudônimo árcade) é um poeta barroco em transição para a simplicidade do Arcadismo. Ele próprio sentiu na sua obra, as tendências para o sublime e os seus desejos de um estilo simples e pastoril. Preso aos valores e às emoções de sua terra, se diferencia um pouco dos seus pares por trazer, na sua imaginação, vivências profundas da infância, transformando inconscientemente o cenário da paisagem natural em estado de sensibilidade.

Comentários sobre o poema

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Cláudio Manuel da Costa explora em seu soneto (versos decassílabos, com esquema rímico regular ABBA ABBA CDC DCD) uma das constantes características do Arcadismo, estilo literário que seu nome está associado: trata-se do fugerem urbem (fuga da cidade) com a consequente apologia dos valores campestres. Ao ver a bela paisagem natural de Vila Rica (Ouro Preto) — suas montanhas, principalmente — o poeta tinha certeza de que não precisava se inspirar na Arcádia grega, pois estava diante de uma natureza igualmente bela e rica.
O eu lírico, ciente das transformações do presente, dirige-se ao seu interlocutor (´´Torno a ver-vos, ó montes; o destino``), o que fica evidente na substituição do elemento da natureza pelo pronome ´´vos``, na 2ª pessoa do plural, e pelo uso do vocativo (ó montes). O eixo temático do poema é apresentado logo na 1ª estrofe, com a oposição entre o refinamento da Corte (com seu traje ´´rico`` e ´´fino``) e a rusticidade da Colônia (´´gabões``).
Seus poemas árcades bucólicos têm a marca da comparação campo/cidade, sempre mostrando a superioridade do espaço natural em relação ao espaço urbano, inclusive em relação aos habitantes de um e de outro espaço. A integração na comunidade (o trabalho árduo dos vaqueiros) e a volta para os velhos companheiros (companhia fiel) caracterizam a 2ª estrofe. Uma das atitudes comuns à linguagem árcade é referência a elementos da cultura clássica, gregos ou latinos. A utilização de pseudônimos gregos ´´Almendro`` e ´´Corino`` (pastores gregos) são adaptados à paisagem mineira.
Na 3ª estrofe, o eu lírico, adotando a perspectiva de um pastor, contrapõe os valores da natureza aos do mundo urbano. Com isso, o ideal de simplicidade é apresentado, ou seja, a vida real está no ambiente campestre, e não na civilização.
O espaço rural é sinônimo de tranquilidade, de equilíbrio e de alegria (realidade bela, idealizada). Na cidade sentia-se infeliz, o que é comprovado pela expressão ´´em pranto``(4ª estrofe). Além disso, critica a futilidade dos valores da vida urbana: ´´a louca fantasia``, ´´mais valia/ Que da cidade o lisonjeiro encanto`` (observe que no verso acontece uma anástrofe, que significa mudança de posição, inversão da ordem normal dos elementos próximos na frase).
A dicotomia entre a cidade e o campo, temática árcade, é similar à oposição feita por Cláudio Manuel da Costa entre a Metrópole e a Colônia. O poeta viveu em Portugal na civilidade e quando retorna ao Brasil depara-se novamente com a rusticidade dos “montes” e “outeiros``.

10 comentários:

  1. mto bao explicação me ajudou obrigado

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  2. valew mw ajudo muito no meu trabalho de portugues brigaduuu mesmo...====))))

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  3. Nossa, esta explicação do soneto de Cláudio Manuel da Costa está muito bem elaborado! Parabéns pelo Blog!! ;D

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  4. muito bom mesmo a explicação , parabens

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  5. Obrigada!!!!Amei esse poema e a explicação!Bj

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  6. cara parece ate que fez esse site pra mim porque meu profesor cidinei passou um trabalho e era isso q pediu tharsus e dani

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  7. Também gosto muito de suas análises. Poderia ter explorado mais um pouquinho como por exemplo, a função de linguagem predominante no primeiro verso no qual se dá vocativo"ó montes",os substantivos que caracterizam o cenário descrito e as personagens que animam o cenário.
    Abraços!
    Auri

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