Não te vira cantar sem voz, chorar
Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas
Desencantar, e mudo recolhê-las
Para lançá-las fulgurando ao mar?
Não te vira no bojo secular
Das praias, desmaiar de êxtase nelas
Ao cansaço viril de percorrê-las
Entre os negros abismos do luar?
Não te vira ferir o indiferente
Para lavar os olhos da impostura
De uma vida que cala e que consente?
Vira-te tudo, amigo! coisa pura
Arrancada da carne intransigente
Pelo trágico amor da criatura.
Publicado em Poemas, sonetos e baladas, trata-se de um soneto em vérsos decassílabos e rimas interpoladas que homenageiam o escritor católico Otávio de Faria, amigo particular so poeta. O poema sugere, através de metáforas ligadas aos elementos da natureza, o comportamento puro do amigo diante da vida e a coerência de suas atitudes.
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