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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Vila Rica (fragmento) - Cláudio Manuel da Costa



Claudio Manuel da Costa nasceu em Minas Gerais, em 1729. Com apenas 20 anos embarcou para Portugal com a finalidade de completar seus estudos na Universidade de Coimbra. Retornou ao Brasil entre 1753 e 1754. Dedicou-se ao Direito, exercendo a função de advogado jurista, procurador da Coroa portuguesa, desembargador e secretário de governo, o que lhe permitiu acumular grande fortuna.

Promovia saraus em que, além de declamar seus poemas, ouvia textos escritos por poetas com os quais compartilhava amizade. Em 1789, foi acusado como um dos conspiradores na Inconfidência Mineira. Morreu de maneira enigmática, em uma das celas onde ficara preso, nesse mesmo ano. Seu pseudônimo como poeta era Glauceste Satúrnio.

A obra poética de Cláudio Manuel da Costa procura adequar à paisagem local aos padrões do Arcadismo. Sua obra, no entanto, também mostra uma expressão nacionalista. É o que se pode notar em uma passagem (fragmento) de um de seus textos mais famosos: Vila Rica.

Cantemos, Musa, a fundação primeira 
Da Capital das Minas; onde inteira 
Se guarda ainda, e vive inda a memória, 
Que enche de aplauso de Albuquerque a história. 

Tu, pátrio ribeirão, que em outra idade 
Deste assunto a meu verso, na igualdade 
De um épico transporte, hoje me inspira 
Mais digno influxo; por que entoe a lira; 

Porque leve o meu canto ao clima estranho 
O claro herói, que sigo, e que acompanho: 
Faze vizinho ao Tejo, enfim que eu veja 
Cheias de Ninfas de amorosa inveja.

[...]

Essa passagem trata da fundação de Vila Rica, primeira capital de Minas Gerais. A inspiração vem do “pátrio Ribeirão”, que faz que o eu do poema sinta-se transportado para um sentimento épico, ainda que se encontrasse em um “clima estranho”, isto é, em um local que não seria próprio para esse tipo de “canto” (poema).

Em resumo, há na poesia de Cláudio Manuel da Costa um desajuste entre o desejo de fazer um poema nos moldes neoclássicos, com cenários pastoris e tomado de um clima épico ou lírico, e aquilo que a paisagem brasileira de Minas Gerais, composta de montanhas e florestas virgens, permite. Ou seja, o poeta compõe uma obra dividida entre as regras da poesia árcade e a realidade brasileira.

Dica

A poesia de Cláudio Manuel da Costa quase sempre apresenta uma tensão interna, muitas vezes uma contradição. O eu do texto expressa uma divisão entre o modelo neoclássico-europeu, inspirado na cultura grega e romana – e a necessidade de falar de sua terra, de seu povo e das circunstâncias em que vive. Quer falar, portanto, de algo próximo, e não de uma realidade artificial, como a criada em muitos poemas do período.

Para saber mais...




Um comentário:

  1. Ótima leitura sobre o poema. Ajudou-me bastante a entende-lo um pouco melhor.
    Obrigada.

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