Uma língua não se conserva invariável: há palavras que caem de uso, outras que mudam de significado e outras ainda que são criadas. O vocabulário de uma comunidade está sujeito a um constante processo evolutivo, porque a língua evolui com o homem.
A formação de palavras em língua portuguesa obedece, principalmente, a dois processos: derivação e composição. Os demais processos são o hibridismo, a onomatopeia, a redução de palavras e os estrangeirismos.
A - Derivação
O processo de derivação consiste em formar uma palavra nova (derivada) a partir de outra existente (primitiva). Pode ocorrer das seguintes maneiras:
1. Derivação prefixal (ou por prefixação)
O processo de derivação prefixal consiste em formar uma nova palavra através do uso de prefixo. Observe que a significação do novo vocábulo está normalmente em estreita relação com aquela do radical que lhe serviu de base. Exemplos
a- + moral = amoral
des- + leal = desleal
in- + feliz = infeliz
im- + pedir = impedir
per- + correr = percorrer
2. Derivação sufixal (ou por sufixação)
A derivação sufixal ocorre quando acrescentamos um sufixo ao radical. Exemplos:
amor + -oso = amoroso
feliz `+ -mente = felizmente
dent + - ista = dentista
livr + -aria = livraria
suav + - izar = suavizar
leal + -dade = lealdade
3. Derivação por prefixação e sufixação
Quando se agregam um prefixo e um sufixo a um radical. Exemplos:
in + feliz + mente → infelizmente
des + leal + dade → deslealdade
Observação: Note que a presença de apenas um desses afixos é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua existem as palavras "desleal", "lealdade" e "infeliz", "felizmente".
4. Derivação parassintética
Na derivação parassintética ocorre simultaneamente a aglutinação de um prefixo e de um sufixo a um radical. A parassíntese é, em geral, um processo formador de verbos, pois sua incidência é bem menor na geração de vocábulos que pertencem a outras classes de palavras. Exemplos:
e + mud (o) + ecer = emudecer
des + alm (a) + ado = desalmado
Observação: É importante notar que os afixos (prefixos e sufixos) foram aglutinados aos radicais a um só tempo, visto que não há no léxico português as palavras emudo ou mudecer, desalma ou almado.
5. Derivação regressiva
A derivação regressiva consiste na supressão de elementos finais de uma palavra primitiva através da eliminação de sufixos ou terminações confundidas com sufixos. As derivações regressivas podem ser nominais ou verbais. Exemplos: boteco (de botequim), china (de chinês), espora (de esporão), gajo (de gajão), galé (de galera), japa (de japonês), malandro (de malandrim) etc; ameaça (de ameaçar), grito (de gritar), compra (de comprar), busca (de buscar), choro (de chorar), perda (de perder), venda (de vender)
Os substantivos originários de verbos que passam pela derivação regressiva são chamados substantivos adverbiais ou pós-verbais.
Conforme Barreto (1980), os substantivos que indicam ação são palavras derivadas de verbos que passam pela derivação regressiva. Aqueles que não não indicam ação, mas apenas denotam algum objeto ou substância, são palavras primitivas. Assim, busca, compra e choro são formas derivadas dos verbos buscar, comprar e chorar, enquanto as formas telefone, azeite e escova, que não denotam ação, são formas primitivas que deram origem aos verbos telefonar, azeitar e escovar.
6. Derivação imprópria
Derivação imprópria é o processo que consiste na mudança da classe de palavras sem que haja alteração no vocábulo primitivo. Exemplos:
Os maus pagarão pelos seus erros
(adjetivo substantivado)
Todos buscam o saber das coisas.
(verbo substantivado)
É um homem criança.
(substantivo adjetivado)
Ele falou claro.
(adjetivo adverbializado)
Exemplos práticos:
Como meu pai está velho.
(adjetivo)
O velho acabou de sair.
(substantivo)
Não lhe darei a resposta.
(advérbio)
O não é uma palavra difícil de dizer.
(substantivo)
B - Composição
Composição é o processo pelo qual a formação de palavras se dá pela união de dois ou mais radicais. Pode ocorrer:
1. Por justaposição
Quando não há alteração fonética nos radicais ( a palavra composta conserva a mesma pronúncia que as palavras primitivas possuíam separadamente).
ponta + pé → pontapé
Outros exemplos:
girassol, malmequer, mandachuva, hidroelétrica, passatempo, bancarrota, madressilva, e etc.
2. Por aglutinação
Quando há alteração fonética nos radicais (os compostos por aglutinação são aquelas palavras nas quais o primeiro elemento perde acento e fonema ao unir-se intimamente ao segundo constituinte).
plano + alto → planalto
água + ardente → aguardente
petra + óleo → petróleo
vinho + agre → vinagre
em + boa + hora → embora
Além desses dois processos básicos (derivação e composição), são registrados outros tipos de formação de palavras.
3. Abreviação ou redução
É a forma reduzida que algumas palavras apresentam:
auto (automóvel)
cine (cinema)
quilo (quilograma)
extra (extraordinário)
moto (motocicleta)
pneu (pneumático)
foto (fotografia)tevê (televisão)
apê (apartamento)
pólio (poliomielite)
pornô (pornográfico)
metrô (metropolitano)
4. Onomatopeia
É a palavra que procura imitar certas vozes ou ruídos:
tique-taque
zunzum
pife-pafe
fonfom
reco-reco
plaft!
cocorocó
pingue-pongue
catapimba!
5. Hibridismo
É a formação de palavras de línguas diferentes.
sócio/logia ( árabe + grego)
decí/metro (latim +grego)
buro/cracia (francês + grego)
mono/cultura (grego + latim)
zinco/grafia (alemão + grego)
caipor/ismo (tupi + grego)
6. Abreviatura / sigla
Abreviação (redução) e abreviatura não se confundem. Abreviatura é a redução na grafia de certas palavras, limitando-a à letra inicial ou às letras iniciais e, às vezes, à letra inicial com a final.
Exemplos: p ou pág. (página), AV (Avenida), Sr. (Senhor). Também não se confundam tais noções com a de sigla, caso especial de abreviatura, na qual se reduzem locuções substantivas próprias as suas letras ou sílabas iniciais.
Exemplo: ONU, VARIG, SUDENE, DETRAN, SUDAM, PMDB.
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