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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Soneto: ´´Pálida, à luz da lâmpada sombria`` Álvares de Azevedo



Álvares de Azevedo was a Brazilian writer of the second generation of romanticism (1853 to 1869), called “ultra-romantic generation” or “evil-of-the-century”. This name refers to the themes chosen by the writers of that period: sad and tragic events, disappointments, unrequited loves, deaths, among others. Álvares de Azevedo was Patron of Chair nº 2 of the Brazilian Academy of Letters (ABL). If you want to know more information then you can take some advantage from this resource: Google Translate .
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!

A poesia de Álvares de Azevedo foi marcada por um tom confessional e egocêntrico. A temática amorosa aparece sempre sob o estigma do sofrimento, da solidão, do abandono. A mulher amada é tratada como um ser inacessível, associada a imagens de pureza e virgindade. Essa idealização platônica transforma o amor em algo que não que não se completa nunca, jamais alcançando a realização carnal. Os encontros amorosos se dão em uma atmosfera de sonho e ilusão. A temática do ´´medo de amar`` conduz o poeta ao recolhimento sentimental e à solidão. Apesar disso, a expressão poética é marcada pelo emocionalismo incontido.

´´Álvares de Azevedo sofreu como nenhum, apavoradamente, o prestígio romântico da mulher. Para ele a mulher é uma criação absolutamente sublime, divina e... inconsútil. O amor sexual lhe repugna, e pelas obras que deixou é difícil dizer que tivesse experiência dele. `` (Mário de Andrade)

Na obra de Álvares de Azevedo, sobretudo na Lira dos Vinte Anos, encontramos a produção mais importante do ultrarromantismo entre nós. Fruto da influência de Byron, de diferentes ângulos é enfocada a temática da morte, do sonho, da evasão, da fantasia. As poesias são escritas sob o signo das entidades místicas Ariel e Caliban, que foram tomadas emprestadas da peça A tempestade, de William Shakespeare.

Lira dos Vinte Anos, única obra preparada pelo autor, apresenta duas faces, propositalmente demarcadas pelo poeta, que deixou pronto para ser publicado. Pode-se dizer que, grosso modo, Ariel representa a face do bem (primeira e terceira parte do livro) e Caliban, a do mal (segunda parte). A postura do eu lírico deste poema é própria da primeira e da terceira parte (adolescente, casto, sentimental, ingênuo).

Comentários sobre o poema

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Para efeito de análise, o soneto – poema lírico de forma fixa, composto de 14 versos decassílabos: quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos) com estrutura rimática ABBA ABBA CDC DCD – pode ser dividido da seguinte forma: as duas estrofes iniciais correspondem à configuração da amada no plano espiritual; na terceira estrofe, a configuração é feita através do plano material; na última estrofe, o eu lírico se posiciona em relação às configurações apresentadas anteriormente. O seu conteúdo está organizado a partir de relações antitéticas: escuridão e claridade; noite e amanhecer; o ambiente onírico (de sonho) e o ambiente real; a virgem pálida e distante e a mulher corporificada e sensual; o amor e a morte.

Em função destas próprias relações antitéticas, a mulher deste poema possui imagens cambiantes, isto é, sua descrição muda ao longo do texto. Na primeira estrofe, a mulher amada está adormecida. Ela é retratada através de um mundo irreal, idealizado, distante e inacessível: é pálida, está reclinada sobre um leito de flores, é comparada à lua e dorme entre as nuvens do amor. Percebemos uma atmosfera vaga, indefinida e imaterial.

Na segunda estrofe, o eu lírico acrescenta um novo conjunto de evocações simbólicas (elementos marinhos) para descrever a imagem da amada que continua adormecida. A expressão ´´anjo entre nuvens d`alvorada`` sugere o amanhecer, contrapondo-se à estrofe anterior, em que predominavam sombras, conforme o verso ´´Pálida, à luz da lâmpada sombria``. As ´´nuvens`` constituem o elemento comum a primeira estrofe, reforçando a ideia de uma mulher imaterial, impalpável e praticamente etérea. A mulher assume caráter sobre-humano de virgem angelical, objeto amoroso de um encontro que, para a angústia do eu lírico, nunca se realiza.

Á medida que o dia amanhece, a virgem, antes imóvel, começa a despertar na presença do eu lírico. Em lugar da descrição imaterial, na terceira estrofe a virgem é caracterizada por um conjunto de aspectos materiais e sensuais, como ´´seios palpitando``, ´´pálpebras abrindo`` e ´´formas nuas``. Supõe-se que tal descrição seja resultado da incidência da luz do dia sobre ela. O erotismo da mulher amada é mostrado através de movimentos suaves, lentos e contínuos expressos em verbos no gerúndio que, vistos isoladamente, fornece a ideia de um presente contínuo indicando que a mulher adquiriu uma imagem concreta em oposição às formas indefinidas que a caracterizavam anteriormente.

Entretanto, ao esboçar uma certa predileção pela imagem corpórea da mulher, o eu lírico, ao mesmo tempo, recua: É como se a bela, percebendo o ato de contemplação, se pusesse a rir dele, quando deveria sorrir para ele. Frustrado por esse imaginário, tímido e inexperiente, transforma o desejo carnal, apresentado no poema, em algo oscilante, medroso, contido e tangenciado. A expressão ´´Não te rias de mim` `demonstra o ´´medo de amar`` fisicamente a virgem.

Sendo assim, a última estrofe confere a retomada da virgem inacessível, muito bem expressa através do vocativo do seu primeiro verso ´´meu anjo lindo``. Conforme sugere a antítese nos últimos versos (´´chorando`` / ´´sorrindo``), o eu lírico continua a manter com a virgem uma relação amorosa distante e não realizada. Reforçado pela anáfora (uso repetido da mesma expressão no início de versos), o sentimento de sofrimento e dedicação enquanto a virgem dormia (´´velei chorando``), dará lugar à fuga pelos sonhos e até a morte (uma forma de sublimar o amor não realizável) como saída para a frustração amorosa (´´morrerei sorrindo``).

A própria situação criada – a virgem que dorme e é apenas observada – é ideal para as pretensões do eu lírico, que deseja no fundo a amada, mas teme vê-la acordada. É uma situação que não o compromete, que não lhe cobra nada, típica da idealização amorosa adolescente, cheia de anseios, medos e dúvidas. Romanticamente, o poema leva a crer que é através do sonho que existe a melhor oportunidade para a realização carnal do amor. 

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6 comentários:

  1. Minha irmã tem adoração por Álvares e por Augusto dos Anjos... só gostando mais - creio eu - da Florbela Spanca.

    Gostei muito do seu artigo sobre a poesia dele...

    ;D

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  2. Educação e Cultura,a saída para os problemas sociais

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  3. Devia ter uns 10 anos quandojá lia Álvares de Azevedo,então seria um clichê elogiar o conteúdo do que foi escrito acima.
    gostei do seu blog.
    Conteúdo DE VERDADE.

    abraço, ótima semana

    p.s.: vi teu blog na comundiade do orkut, te seguindo...

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  4. Álvares de Azevedo é maravilhoso!!!Seus poemas são incríveis!!
    Conh~eço um cara que escreve muito bem e que seus poemas fazem lembrar o estilo de Álvares de Azevedo!
    Estou te seguindo, se quiser, conheça meu blog http://artegrotesca.blogspot.com
    bjus

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